Tempo.
Um ano depois.
- Sinto muito.
- Você está horrível!
- É que você não viu isso...
E no levantar do lençol, a atenção e o espanto toma conta de sua afeição. Ela chora, compulsivamente. Talvez por ter ficado impressionada. Talvez pela presença dele na cama.
Mas esclarece entre soluços:
- A culpa é minha! Eu devia...
- Devia ter me deixado procurá-la?
- Não!
- Por que você reluta tanto? Aliás, por que você está aqui?
Como em suas lembranças, ela aquieta a voz e engessa a face após ser encurralada. Silêncio, ele não prefere repetir o que tinha na memória, não quis prosseguir até obter uma conclusão unilateral.
- Me desculpa, sempre fiz isso com você.
- O que?
- Isso, fazer perguntas até você não conseguir respondê-las, aliás... Você me ensinou isso, quando você estudou o método socrático... Eu acho.
- Não, não lembro. Mas você, tirando a parte física, está mudado. Está falando mais baixo. Pediu desculpas de pronto. O que aconteceu nesse tempo?
- Culpa! Muita culpa.
O celular toca.
Ela olha com cara de preocupada, sai do quarto e o atende lá fora. Ele percebe que tudo mudou, ela seguiu. Indevidamente, diga-se de passagem. Nesse lampejo ele se sentiu um tolo, não no sentido da palavra, mas como nos filmes e livros antigos quando ele enxergava a figura do tolo, do bobo.
12:28.
Com duas cápsulas ele apaga qualquer dor e/ou consciência.
Ela desliga o celular e volta para o quarto. Não pode continuar. Mesmo assim, fica, senta-se.
E claro, espera.
Tiagho D.
3 comentários:
Voce me fez ler mais que uma vez esse post *-*
Obg querido, tudo bem. Te adc tb (:
muito bom:)
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