sábado, setembro 13, 2008

Tempo.

Um ano depois.


- Sinto muito.

- Você está horrível!

- É que você não viu isso...

E no levantar do lençol, a atenção e o espanto toma conta de sua afeição. Ela chora, compulsivamente. Talvez por ter ficado impressionada. Talvez pela presença dele na cama.

Mas esclarece entre soluços:



- A culpa é minha! Eu devia...

- Devia ter me deixado procurá-la?

- Não!

- Por que você reluta tanto? Aliás, por que você está aqui?

Como em suas lembranças, ela aquieta a voz e engessa a face após ser encurralada. Silêncio, ele não prefere repetir o que tinha na memória, não quis prosseguir até obter uma conclusão unilateral.


- Me desculpa, sempre fiz isso com você.

- O que?

- Isso, fazer perguntas até você não conseguir respondê-las, aliás... Você me ensinou isso, quando você estudou o método socrático... Eu acho.

- Não, não lembro. Mas você, tirando a parte física, está mudado. Está falando mais baixo. Pediu desculpas de pronto. O que aconteceu nesse tempo?

- Culpa! Muita culpa.

O celular toca.

Ela olha com cara de preocupada, sai do quarto e o atende lá fora. Ele percebe que tudo mudou, ela seguiu. Indevidamente, diga-se de passagem. Nesse lampejo ele se sentiu um tolo, não no sentido da palavra, mas como nos filmes e livros antigos quando ele enxergava a figura do tolo, do bobo.


12:28.

Com duas cápsulas ele apaga qualquer dor e/ou consciência.

Ela desliga o celular e volta para o quarto. Não pode continuar. Mesmo assim, fica, senta-se.

E claro, espera.



Tiagho D.

3 comentários:

Luara Quaresma disse...

Voce me fez ler mais que uma vez esse post *-*

Luara Quaresma disse...

Obg querido, tudo bem. Te adc tb (:

flavinhapp disse...

muito bom:)