quarta-feira, janeiro 21, 2009

Orange nights


Cadeira certa no cinema e vejo o helicóptero que não está na tela.
Lugar certo no barro, inserido em uma psycho-party, vejo a razão dissolvendo.
Caos temporal, lapsos, memórias, instantes, mentiras visuais, espasmos musculares, musica sintetizada.


Intensamente olho para trás onde posso talvez achar algum sentido, vejo-me uma criança, vejo-me um naufrago, um felizardo pelos amigos presentes, uma entidade romena.
E vejo a dobra do tempo, com isso é muito fácil ver o que ele cortou em mim, perceber as distancias de atos lamentados, injurias recebidas. O tempo trapaça, ele blefa na minha cara. Loopings, muitos.
A dor na face não abala o sorriso químico que mantenho. Digo bobagens, recebo bobagens, isso não importa mesmo não sabendo se realmente isso existiu. A era Leão chega vomitando motivos para encarar o lado selvagem, ser selvagem.
Alguém senta ao meu lado, alguém que posso denominar de apenas “Ela”. Mil motivos ela me diz, mil evoluções do cenário eletrônico, não entendo, não vejo seu rosto, duvido se é real ou apenas um eco de alguma memória aflorada a base de muito suor da minha testa.
Algo vivo que vaga entre os pés frenéticos de hipnóticos aditivados, tinha um pelo dourado, seu movimento rápido logo passa por mim, não o reconheço como algo palpavel, ele olha fixamente p/ o meu ombro direito, percebi com a proximidade de que se tratava de um cão. Entender tudo é utilizar uma energia que não possuo no momento, aguardo o próximo passo. O cão senta ao meu lado e fixa em um ponto que não identifico a minha frente, mas por algum motivo me sinto reconfortado, vejo nele um companheiro esquecido.
Percebo que usava uma coleira grossa com uma inscrição nela que em letras laranjas dizia apenas:
“Viva o selvagem”.
O senhor Hoffman reivindica o nobre cachorro com um encarar de olhos. "Você está bem" ele pergunta sorrindo. Da minha boca cai um "nunca estive melhor!"





Tiagho D.