quinta-feira, fevereiro 09, 2006

Mani-festo

A grande questão é: Como?
Meu filho tem fome, minha esposa se prostitui por vaidade pois não ponhe nenhum dinheiro dentro desse espaço que nem consigo chamar de lar.
Eu, aleijado. Totalmente inutil.
Apesar da aparência, são 25 anos de existência que possuo.
Sem pernas mas com minha cabeça bem aqui, só não sei até quando. Há 2 meses eu não sei o que é dormir, hora é pelos lamentos de fome de minha prole, hora por incotestaveis linhas de pensamento que consomem as horas e minha sanidade.
É engraçdo como a impossibilidade fisica aprisiona-me mais e mais em meu proprio corpo. É ela novamente. A mãe, a esposa, a vagabunda, a virgem Maria. Ela chega bebada ou sei lá o que. Nem fala, só geme de dor e novamente sem nenhum trocado.
Vou ter que esmolar novamente.
Estou cagando de medo. Semana passada eu fui espancado em um "farol" de uma rua qualquer por 5 jovens estudantes de alguma faculdade particular que praticavam o famoso "trote". Eu fui trote, eu fui o desafio aos calouros. Quem fizesse eu gritar mais auto. Sádicos adoradores de Chaves & Chapolin malditos. Eu sem duas pernas e eles com inumeros tentáculos.
Meu filho tem 4 anos e já calvo pela desnutrição.
Como?
Como eu farei?
Assaltar?
Tá bom, mas e na hora de correr com o produto do roubo?
Eu sou uma anedota de um Deus embriagado até os santos fios de cabelos.
Decidi então a escrita. A 'liberatria'.
Escreve, escreve durante meses utilizando as madrugadas que eu disponho tanto.
Está pronto.

_O Manifesto daqueles que uivam._
Todo escrito em um rolo de papel higiênico (tá eu sei que piegas, mas era o unico tipo de papel que possuia!).
Passei mais 3 anos de minha vida tentando fazer alguém ler aquilo, no rolo mesmo.
Até que um dia, um aluno de ciência sociais teve interesse na obra.
Tenório, 22 anos.
Fez-me uma oferta. Valor: 1000,00 pratas logo de pronto.
Disse-me que não dispunha do valor integral no momento.
Eu respondi que não levaria o meu rolo consigo, somente com a apresentação da quantia.
Dei o endereço do meu pseudo-lar e marquei no dia seguinte as 11h da manhã.
Após adentrar em meu recinto, disse ao meu filho sobre o dinheiro e sobre o rapaz.
O sorriso de meu pequeno não poderia ser descrito por nenhum dramaturgo de tão magnífico. Era a esperança.
Então a madrugada chegou novamente.
Mas foi diferente aquela madrugada, pois eu tinha sono. Eu nem vi quando eu apaguei. Também não vi quando após três horas de sono profundo eu morri vitíma de um derrame fatal. Também não vi que meu filho não dormiu naquela noite devido a dor da fome. Também não vi seus espamos e seu ataque de alucinação levando-o a comer tudo que tivesse em sua frente, caneta, chinelo.....inclusive até o rolo onde estava escrito o produto arrendido por mil dinheiros...
Então ela chega, nem entra, só dimenciona a cena deploravel...e vai embora.
Enfim....a questão é: Como?



ThiagO D.

2 comentários:

Anônimo disse...

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...Como ?

Anônimo disse...

Mani-festo!?
É festa, mano?
Como toda referência tem um quê de reverência... disponha.