Quarta's Black Nights
E lá estava eu...
Tentando consumir algo. Quarta-feira, nada mais do que isso.
E ao cinema eu me arrastei.
Um café era preciso, para o paladar e para uma subita lucidez.
Mulher.
Mas que estilo, lindissima... oculos escuro no hall do cinema....perfeito.
- Por favor, o açucar? - e foi a mim essa pergunta. É engraçado como tudo vem ao meu encontro.
Entreguei o açucar, mas ai percebi algo inusitado. Ela era cega!
Mulher fascinante, um papo gosotso igualmente como seu corpo. Mas eu não podia deixar de fazer a pergunta fundamental:
- Escuta, estamos conversando já alguns minutos...mas não sei o seu nome.- ela sorri com o meu pedido de indentificação.
- Monique, querido.
- Então você pode me chamar de Bartô, bom Monique, eu queria te fazer uma pergunta...eu percebi a sua condição, e confesso que me deixa um pouco intrigado em saber por que você vem ou veio até o cinema.
Silêncio.
- Querido Bartô... percebi que você está curioso e não me julgando. Isso é muito bom. O que acontece é que eu não tenho as mesmas referências que você, eu nasci cega. E estar no cinema é só sentir no meu ponto de 'vista'. Odeio ir em uma sala vazia para ver um filme por exemplo. A trilha sonora, as falas (que inclusive eu tenho abilidades com varias linguas, só não assisto filmes orientais por motivos obvios) e principalmente o publico da sessão, tudo isso faz parte de um contexto que me transmiti o que eu quero sentir, admito um pouco de vicio nisso. - ela me brinda com um lindo sorriso no ponto final.
E a sessão começa.
Me senti um jovem novamente. Peguei em sua mão e ela retribue com a firmeza de seu toque.
Então a beijei.
Ela sussurra algo sobre o apartamento dela. Minha aceitação veio de orelha a orelha. E embarcamos nas ruas desgovernadas em busca de um apê que eu nem imagino como seja.
A porta se abre, assim como a minha percepção. Tudo era desconexo, estranho......como?
Um poster. 1984.
Um grafite na parede. Uma pin-up dos anos 50.
Tudo tinha tanta ligação com o olhar. Não-compreenção.
Eu precisava. Então com cuidado saquei meu porta-maldição pequenino. Mas ela escutou, e questionou-me sobre o que estva fazendo.
- Monique, eu preciso tomar, preciso. Eu preciso sentir mais.
- O que? O que você precisa fazer?
- Tá, eu tenho aqui um Budha-I-Can....você não deve saber do que se trata, mas isso é grosseiramente conhecido como um tipo de LCD. E eu preciso tomar porque essa situação é chave para mim. Seu apê, você, tudo.
- Eu quero também. Sempre tive curiosidade!
Silêncio viceral.
Como eu posso fornecer acido a uma mulher cega de nascença?
Ma eu o fiz. Despejei dua gotas debaixo de sua lingua perfeita, e partir para 5 na minha não tão perfeita ssim.
... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...
Sexo febril. Passo pelos os olhos dela. Agora eu sou ela!
Eu enchergo o meu querido Bartô. Ele é feio. Muito, muito.
Enchergo também a minha vida como um inteiro. E vejo que sempre vi, sempre encherguei.
Quem sou? A sensação de outra a mim entristece-me. Cores, será que é isso que dizem? Cores, uma me trás um calor, mas não é na pele que sinto isso....calor....outra me trás frio, não me arrepia.....frio.
E finalmente uma que eu sempre encherguei, o nada......a ausencia dessas sensações que tive.
Quem é?
Ele já gozou.....e fundo... senti como se fosse me furar.....estou derrubada. Que mal gosto.
Acabou.
Ele foi embora. E eu também, apesar de ter ficado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário