A Razão incorpórea.
LUCIDEZ
- Finalmente!
- Finalmente!
- ...finllaemtne!
Minha língua começa a enrolar, minha nuca gelificada doe irritantemente...
Ele espera uma resolução, mas como se não consigo abrir a boca. Penso; "Fim?", "Fodeu?", "Que sono!".
- Finalmente...?- Ah meu caro Telemaco...essa pressão não facilita em nada a minha tentativa frustrada de lucidez.
Desmaio...dizem que quando uma pessoa desmaia ela fica numa espécie de não-existencia, onde nem o subconsciente consegue agir, não há sonhos, não existe, não existo. Mas eu vi algo, eu existia, eu sabia. Sonhei, ou tive uma consciência intuitiva, não posso definir, mas era como imaginar que tinha total controle do que era criado e do que acontecia dentro dessa atmosfera translúcida. Onipotente, poder absoluto, corrompe? Digo que em primeira instancia quis me desfazer (não sei bem o por que) de minha figura ali representada, sair dos meus olhos, então virei um mero observador, alias mais do que isso, um títere, apartir de uma simples vontade virei um manipulador. Comecei comandar os passos do meu eu representado, tudo era pratiado, como uma televisão fora do ar...liguei aquilo a influencia nefasta que a tecnologia exercia desde minha remota infância quando eu era educado por um palhaço que me dizia o que era certo ou que era "certo de outra maneira"...ali não existia distinção de alto nem baixo, teto ou chão, se realmente existe o que era chamado de caos talvez aquilo seja sua melhor representação.
- Não quero o nada!- disse a mim mesmo, mas na forma daquele que pode tudo, não para minha marionete que nesse caso era eu mesmo.
Foi quando criei o tudo...primeiro o lugar...admito que fui influenciado por doces lembranças bucólicas da minha infância terrena, então um lindo e vasto jardim foi feito aos pés de minha imagem ali ainda parada. Mas em um momento de reflexão e atravéz de uma aflição pessoal, vi que a solidão é uma maldição grande demais para o meu pobre eu...talvez, talvez animais, talvez animais com o dom da fala...ótimo, assim se fez animais falantes ao redor do meu eu estático.
É hora do meu eu agir por conta própria, salva algumas intervenções é claro...
"Que? - a luz era forte, mas logo reconheci aquilo. Um jardim? Mas o que aconteceu? Lembro de conversar com Telemaco meu profundo amigo...como eu acordei em pé?"
Interessante, porem desconfortável. Observar meus questionamentos é estranho, mas interagir é a chave.
- Lindo dia, não?- Disse uma raposa ao se aproximar.
- Sim, realmente....- disse o meu eu ou pelo menos tentou antes de perceber que era uma raposa que ele respondia.
- Oh, desculpe-me nobre infante! Não era de minha intenção amedrontá-lo.- disse o rubro mamífero.
- Como você...? Peraí, eu morri? Mas..? Que?......- o baque não foi singelo para o pobre eu, mas sinto que ele logo sairá do choque, bem, providenciarei isso. Afinal, tempo não faz parte de minha consciência.
- Calma meu camarada, vamos reiniciar isso de uma maneira mais soft...olá, meu nome é...- aqui realmente terei que intervir, que nome posso dar a essa raposa? Cantinflas, legal...
- ...meu nome é Cantinflas, muito prazer!- simpaticamente continuou.
- Cantinflas? Mas não é aquele...
- Eu sei, isso foi resultado de pais fascinados pelo cinema e suas estrelas, o meu irmão, por exemplo, seu nome é Bogart... logo o conhecerá!
- Tudo bem, hã...Cantinflas...onde eu estou?- direto como sempre, adoro esse meu eu...
- Olhe a sua volta, o que lhe parece? Você não mais existe!
- O que? Não existo?...isso quer dizer que eu morri?
- Ai, ai...perguntas e mais perguntas...não, você não morreu, você passou a não existir simplesmente! Só isso.
- Mas calma ai, eu existo sim...eu sinto, respiro, tenho carne olha... estou pensando neste exato momento, tenho consciência!
- Será que é você que realmente está a pensar?- após essa resposta, Cantinflas corre em direção a um arbusto onde lá desaparece.
" O que é isso tudo?.....se sou eu que penso?
Bom pelo menos vou conhecer esse lugar, talvez uma rã tire um sarro da minha cara que deve estar péssima."
Paisagem, preciso criar aquela paisagem. Eu ficarei impressionado, vamos ver. Arvores aqui e ali, mato, arbustos. Agora sim vem a obra prima, uma magnífica cachoeira. Não isso ficou "sem sal".... já sei!
" Caramba! que barulho é esse?....Ah, claro uma queda d'agua...perai, tem algo errado aqui..."
- Alto lá estrangeiro! O que fazes aqui em minhas águas?- Disse uma truta dourada que coloca a cabeça para fora do lago ali recém formado.
- Ah, outro que fala!....quem é você peixe?
- Mas que ousadia! Não se questiona um rei diretamente, sabia? Mas tudo bem....em primeiro não sou só um peixe, sou uma truta!
- Humpf.....- fez com cara de desdenho, naquela altura, meu entediado eu.
- Meu nome real é Luiz XX, mas conhecido como a truta sol! Por que em mim tudo circula, inclusive os meu domínios como as águas que você estrangeiro insiste a pisar!
- Me desculpe, vossa sei lá o que... mas você pode me explicar isso...por que nessa cachoeira a água corre ao contrario?
- Contrario? que língua tu pronunciaste isto? Não tenho conhecimento desta palavra.
- Ao contrario...tudo que corre contra o que é certo!
- O que é certo? O fato das águas correrem para cima, quer dizer que esta errado?
- Claro! Você já ouviu falar na lei da gravidade?...
- Lei? Eu sou a lei! Eu faço a lei, e nunca fiz algo parecido. Pois apartir de hoje decreto uma lei que proibi a veiculação dessa tal lei da gravidade, já a detesto logo de pronto!
Meu eu não agüentou muito tempo essa ladainha e deu as costas para a truta rei e seu reinado de blá blá blá...
" Eu preciso descansar...essa pedra é ótima....tomara que não me apareça nenhum bicho déspota reivindicando essa pedra."
Uma cor acinzentada meu eu avista no meio das folhagens verdes, curiosidade, eu imaginava!
" O que é isso?"
- Calma lá meu rapaz!- disse a tal cor que agora se torna em uma raposa cinza.
- Ah já sei.....Bogart não? Eu já falei com seu irmão.
- Humpf...Você é bem lerdo, hein rapaz?
- O que?
- Você não percebeu ainda?..........Deslize para dentro .........você!! .......he he!
Aqui devo intervir, os dias passaram, e noites congelaram.....
Realmente, admito que não foi uma boa idéia. O meu eu não recebeu bem a ação do tempo, amargurado, solitário.....devo lhe dar uma companhia, assim como inesperada.....será uma mulher, a personificação de tudo que ele mais almeja!
Continua...
ThiagO D*.
Para aqueles que lêem esses contos:
Informo que esse conto é uma historia total dividida em três contos, aguardem o próximo!
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